Este mês está sendo especial para a Aldeia do Holon, estamos com muitos eventos lindos. No dia 10 de janeiro tivemos a honra de receber o Pajé Tapo Varinawa com seu filho Txuky Varynawa e a jovem Yuve Varynawa da tribo Noke Koî. Eles vieram na Aldeia para apresentar seus cantos e contar um pouco de sua história. O povo Noke Koî, pertencente ao clã Varinawa (cerca de 1.058 pessoas, distribuídas em 11 aldeias), vive na Terra Indígena Campinas/Katukina, localizada no Acre, a 64 km de Cruzeiro do Sul. O nome "Noke Koî" significa "gente verdadeira" em sua língua, que pertence à família linguística Pano.
A cultura Noke Koî é rica em tradições espirituais e artísticas, incluindo pinturas corporais e artesanato. Eles são conhecidos por serem guardiões da natureza e por desenvolverem sua sabedoria a partir da observação e interação com o ambiente natural.

Em 2023, o povo Noke Koî comemorou 39 anos de demarcação de suas terras, celebrando suas conquistas e reafirmando sua presença e cultura na região.

A história dos Noke Koî que é marcada pela resiliência diante de massacres, trabalho forçado e deslocamentos causados pelo contato com colonizadores e pela construção da BR-364.
A migração para a atual T.I. Campinas/Katukina foi impulsionada pela necessidade de trabalho nos seringais e pela crise econômica da borracha. A rodovia, vista inicialmente como oportunidade, tornou-se uma via de subsistência para a venda de produtos agrícolas. A terra foi oficialmente demarcada pela FUNAI em 1984, mas o asfaltamento da BR-364 em 2012 trouxe impactos negativos, como a redução da caça e pesca, aumento da insegurança alimentar e dependência de alimentos comprados.
A rodovia também intensificou problemas sociais, como invasões, violência, consumo de álcool, e a introdução de alimentos ultraprocessados, prejudicando a saúde das comunidades, especialmente das crianças. Além disso, o Programa Nacional de Habitação Rural, implementado para mitigar os impactos, causou desmatamento e modificou negativamente o território e a cultura local.
Apesar das adversidades, os Noke Koî mantêm viva sua língua, cultura, rituais e conhecimentos ancestrais sobre as medicinas da floresta, com os pajés ganhando reconhecimento nacional e internacional pela força curativa de suas práticas.
A língua nativa é falada fluentemente e transmitida às crianças, um feito raro entre os povos da região que enfrentaram histórias semelhantes de exploração. As manifestações culturais – cantos, festas, brincadeiras e rituais – permanecem vivas e praticadas por todas as idades e gêneros.
A resiliência e a preservação de suas tradições fazem dos Noke Koî um exemplo de resistência e luta.
Depois de visitar a Aldeia do Holon, o Pajé Tapo Varinawa, seu filho Txuky Varynawa e a jovem Yuve Varynawa foram para o México em uma visita de intercâmbio cultural.
Foi muito emocionante poder presenciar o canto do povo Noke Koî e ouvir a sabedoria e generosidade do Pajé Tapo. Foi uma noite inesquecível. Toda nossa gratidão e respeito aos povos originários!
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